
“Entre tantas Marias”, meu novo livro
Reinvenção Quando escrevi o livro “Santiago: Caminho de Renovação” eu já tinha a impressão de que aquele não seria meu único livro. Nascia em mim
Meu nome é Ruth Mattos. Sou cearense, nasci em 1957. Sou mestre em Administração de Empresas com foco em gestão de pessoas, Psicomotricista Relacional, Especialista em Recursos Humanos e Terapeuta de Mulheres e Contoterapeuta.
Tenho duas filhas e quatro netos. Fui casada durante 37 anos e me divorciei em 2015, aos 57. Nessa época eu havia acabado de perder minha mãe e tinha também me aposentado como professora universitária da Universidade Estadual do Ceará, onde ensinei por 32 anos.
Foi um período em que um grande turbilhão tomou conta de mim, e para recomeçar uma nova vida, decidi fazer a peregrinação até Santiago de Compostela. Fui sozinha, andando, com uma mochila nas costas, por 312 km ao longo de 15 dias. Vi e vivi muita coisa. Voltei querendo realmente começar uma nova vida.
Iniciei um trabalho voluntário com mulheres dependentes químicas que estavam numa jornada de recuperação na Fazenda da Esperança Feminina de Fortaleza. Desde aquela época faço com elas dinâmicas e reflexões usando contos, livros universais, narrativas e crônicas a partir do que havia aprendido com minha mentora Dra Catalina Pajés nos Círculos de Leitura do Instituto Fernand Braundel em São Paulo. Aprendo mais do que imaginei, me transformo dia após dia.
Escrevi em 2016 meu primeiro livro, Santiago: Caminho de Renovação, onde faço um relato das emoções sentidas ao longo da minha caminhada até Santiago de Compostela. Este livro teve também a finalidade de organizar e estruturar muitas decisões importantes da minha nova vida.
Em 2017 fui morar em Nova York sozinha, realizando um sonho importante não apenas de fazer um intercâmbio, mas também o de amadurecer a convivência comigo mesma, desenvolver a auto confiança, a coragem, e a ousadia necessárias.
Em 2022 escrevi junto com a coordenadora da Fazenda da Esperança Feminina de Fortaleza o segundo livro, Entre tantas Marias, publicado pela editora da Fazenda da Esperança e com renda destinada fazenda feminina.
Depois senti que estar ao lado das mulheres me deixava mais inteira, mais consciente ainda do meu papel e da minha missão atual no mundo.
Então, além de continuar meu trabalho como voluntária, me engajei em outros cursos para inserir mais conteúdos aos encontros com as mulheres. Fiz Psicologia Positiva, depois participei de um programa continuado no Instituto Ipê Amarelo com a Psicóloga Ana Patrícia Chagas sobre Conexão entre Mulheres ( São Paulo- SP ) e recentemente fiz a Formação em Contoterapia pelo método CIP( Florianópolis -SC ) com a Psicóloga Lizandra Zanuto.
Hoje faço grupos terapêuticos com mulheres 40 + (presencial e on line ), aconselhamentos individuais para mulheres, palestras e workshops. Converso sobre questões ligadas as minhas vivências pessoais e profissionais sobre Envelhecimento, Aposentadoria, Divórcio e Transformações Femininas na Maturidade.
Desde muito pequena aprendi que não se cresce sozinha. Essa nunca foi uma retórica na minha família. Portanto, vivi com meus pais o trabalho voluntário de forma consistente, não com um olhar de caridade, mas porque sempre os vi acreditar que “todos nós precisamos uns dos outros”.
Quando entramos na fase adulta, que estamos construindo uma vida profissional, criando filhos e tentando manter todos os pratinhos em equilíbrio como sempre nos foi exigido ( não que eu concorde com esse grau de exigência, mas esse é outro assunto ), ser voluntária em algum projeto social, é uma tarefa quase impossível para a maioria de nós mulheres.
Entretanto, quando me vi aposentada e divorciada, enxerguei no voluntariado um grande bálsamo e ao mesmo tempo um unguento para minhas dores naquele momento.
Eu não sabia o que ria acontecer, apenas fui. Não estava nada bem emocionalmente e acreditei que naquelas condições e sem entender de drogadição e recuperação em dependência química eu nada teria a contribuir. Mas o destino, ou Deus, como queiram, me colocou ali. De repente, eu estava diante de cerca de umas 20 mulheres que viviam uma caminhada muito mais difícil que a minha, pois buscavam sair de uma dependência de álcool e outras drogas.
Não vi apenas seus corpos doentes, suas mentes confusas e deprimidas, eu comecei a ver as suas almas e nelas, ou através delas eu pude ver a minha própria. Não havia necessidade de comparar nossas dores, tão pouco as razões que nos faziam estar juntas uma vez por semana ali, usando livros para iniciar nossas conversas. O que realmente acontecia era uma sinergia humana que extrapolava o tangível.
Comecei a entender o verdadeiro sentido de uma caminhada para dentro de mim mesma através delas. E como se diz no caminho de Santiago de Compostela, “cada um faz o seu caminho”. Não há como compararmo-nos, mas há como nos apoiar.
Hoje sou presidente da Fazenda da Esperança Feminina de Fortaleza. Continuo fazendo Circulo de Mulheres todas as quartas feiras. Continuo minha caminhada e as de muitas mulheres que passam pela fazenda também realizarem as suas. Cada uma é única, cada uma traz consigo sua história, suas dores e suas delícias. Cabe a nós tentarmos reduzir os danos e ajuda-las a reconstruir as novas vidas que desejarem.
Participação no coletivo feminino Mulheres, Livros e Vinhos
Esse coletivo feminino foi criado pela advogada Melissa Ourives com o objetivo de promover uma rede de mulheres que além de usarem a leitura como elemento que nos une, tem como princípio dar suporte as mulheres, tanto sob o ponto de vista pessoal como sob o ponto de vista profissional.
Uma vez por mês nós nos encontramos para refletir sob a leitura do livro do mês e dali em diante vem os temas que tem a ver conosco. É um espaço de descobertas, de abertura de ideias, de propostas e propósitos.
Quando eu entrei no grupo do MLV (Mulheres, Livros e Vinhos) estávamos em plena pandemia, e a leitura do livro “Mulheres que correm com os Lobos” foi o que mais me atraiu naquela ocasião.
Depois, vieram os encontros presenciais e as afinidades surgiram. Já fizemos viagens curtas e longas. Já compartilhamos festas, dançamos muito, rimos bastante, mas também já sentimos as dores das amigas que tiveram perdas, das que desabafaram, nos demos as mãos quando simplesmente soubemos que era isso que era possível ser feito. Compramos os trabalhos umas das outras e divulgamos o que algumas fazem profissionalmente.
Esse é um voluntariado diferente do convencional, mas exige compromisso. A participação voluntária nesse grupo tem a importância da troca, do dar e receber contínuos. A frequência nas reuniões nos mostra esse necessário equilíbrio, nos ensina a conviver com as diferenças de cada uma das mulheres e nos abre o coração e a mente para ampliar a compaixão por nós mesmas e depois pelos outros.
Quem nunca sentiu um vazio existencial? Quem nunca passou por um momento de ruptura na vida? Quem nunca sofreu uma grande perda? Quem nunca perdeu o chão em alguma curva do caminho?
Este livro é direcionado a todas as pessoas que, de alguma forma, viveram experiências impactantes e almejam tomar um novo rumo na vida. Sobretudo, é destinado àquelas que já cogitaram fazer o Caminho de Santiago de Compostella como forma de refletir sobre sua existência e se fortificar para lidar com momentos turbulentos que a vida nos impele.
A autora narra sua saga no Caminho de Santiago, expondo sem reservas seus medos, suas dúvidas, suas emoções, seus tropeços, suas conquistas, ao tempo em que descreve as belezas, os prazeres e os desafios do percurso.
Para quem pensa em fazer o Caminho de Santiago, para quem já o fez, para quem não o fará, mas gostaria de conhecê-lo, este livro proporciona uma experiência única, autêntica, valorosa.
Viaje pelas páginas de “Santiago, Caminho de Renovação” e você terá a sensação de estar no Caminho. Assim você poderá se beneficiar das lições tão generosa e corajosamente oferecidas pela autora.
Este livro nasceu a partir dos depoimentos de algumas acolhidas da comunidade terapêutica Fazenda da Esperança, carinhosamente chamadas de “Marias”. Algumas reabilitadas, outras em processo.
No decorrer da concepção de Entre tantas Marias, chegamos à conclusão que este livro deveria ser muito mais do que um simples relato de histórias pessoais. Entendemos que nós duas, Ana Lúcia e Ruth, como autoras, também estávamos diretamente envolvidas no processo, e que o livro também contava as histórias do fio condutor que nos leva à construção da esperança, cujo nome é o amor.
Contar as histórias das “Marias” tem ainda o objetivo de mostrar a força e o poder de uma transformação. É uma decisão que cada uma dessas mulheres faz, a partir de suas histórias de vida, percorrendo suas dores e sofrimentos, apoiadas na fé, na esperança e, principalmente, conhecendo o que é o amor verdadeiro.
Então, convidamos você a conhecer as histórias que nos levaram a viver Entre tantas Marias.
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